11.05.2012

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14 agos 12 Campanhã

Sento-me 2 minutos antes do comboio partir.
Penso nos pendentes e relatórios e faturas que deixei no trabalho.
E clicko em delete.
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Ara nomes parlo català.



15 agos 12 Mallorca (Sóller)

Quem chega a Sóller pensa que está num vale entre montanhas de um país alto e longínquo.
A igreja é delicada, e de uma pedra demasiado macia e rosada para só contar com estas altitudes.
A verdade é que um ou dois quilómetros à frente encontra o Port de Sóller, a água cristalina, e os montes vão-se baixando como um leão adormecido sobre o mar.



16 agos 12 Mallorca (Sa Calobra)

Quem atravessa a Serra Tramuntana quase se esquece do litoral ao ver as placas de atenção ao gelo e cuidado com a neve.

- Como nove níveis de Dante que levam ao Paraíso, a estrada vai-nos provando e tentando; nós vamo-la penteando e seduzindo, piano piano. Mediterraneamente. -

Lá em cima uma esfera enorme marca os 1445m, mas lá em baixo o mar espera.
Tranquilo e turquesa.
Quiçá como abriu passagem entre as 2 paredes de Torrent de Pareis, onde ver um hobbit num barquinho pareceria normal.

 


17 agos 12 Mallorca (Es Trenc)

Deixámos a Suíça e seguimos para Sul, na direção de África.
Deixámos as montanhas da Serra Tramuntana, as estradas encaracoladas sobre si mesmas e fomos pelas retas que cortam a planície vermelha de olivais do Sul.

Es Trenc.

As Caraíbas.
Pero en la vez de las palmeras,  están los pinos.

Não era exagero.
A água pedia para ficar, para flutuar, para adormecer nela.

Num acesso de mistura de estados.

 


17 agos 12 Mallorca (Palma)

O viajante que chega a Palma fica confuso entre Barcelona e a Andaluzia.
A catedral impõe-se maternal e flamejante, como o gótico espanhol que a desenha, a monumentalidade em redor situa-o na capital catalã, mas o núcleo enriçado ainda é árabe, e há ruinhas de Alfama por onde o calor passeia, pelos degraus gastos de pedra calcária e rosada.



19 agos 12 Porto

Chegar ao Porto.
Seguir o Douro.
Perder o Douro.
Seguir o pôr-do-sol, que já foi engolido pelo mar.
Reencontrar o Douro, já largo e lento, cruzado pelas pontes, cheias de luzinhas vagarosas.

O senhor da frente descreve a paisagem à menina:
- A torre da RTP, os Aliados, o palácio de Cristal...

Misturo o que vejo, o que oiço e o que penso.

O Porto de Leixões. A Petrogal...
- Nunca fui à Petrogal, papá...

É dos sítios mais lindos do Porto.
Tal como o gasómetro de Roma.

Chegámos.





19 agos 12 Porto

Ainda tenho no porta-moedas um pacotinho de açúcar dobrado, aberto por engano.
- Um dá para os dois, Joana.
È vero.
Tenho Doors nos ouvidos desde Palma.
Tomo um duche, ganho a pele do Porto.
Nos cabelos ainda fica a de Mallorca.
Ponho as férias na máquina de lavar.
Coço as picadas de melgas, deixadas como souvenirs na pele.
Visto o pijama novo que o calor da ilha não deixou estrear.
Bona nit.                                                                                                                                                  Jo

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