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18 set 12
Istambul
Istiklal
Caddesi;
Londres
em Istambul.
Ou Sta
Catarina.
Ou a
Baixa de Lisboa.
Ou Porta
del Ángel.
Ao
chegar, a decadência.
Casas de
traça antiga abandonadas, vazias e escuras.
Ruas por
cima e por baixo.
A
passagem do Corno de Ouro para Beyoglu.
Tantos
navios e petroleiros.
Estrategicamente
neste mar.
Os
minaretes e cúpulas entre a especulação.
O canto
do muazim entre as buzinas frenéticas.
Os táxis
amarelos.
Parados
no trânsito, debaixo de um viaduto.
O espaço
repleto de bicicletas.
Arrancamos.
Chuvinha
que molha tolos pegajosa no corpo.
Mercado
do Peixe para jantar.
Uma
viagem de Chihiro pelas ruas de Sahne Pok e Nevizade.
Uma
espetada bem temperada de peixe fresco e uns pimentos tão picantes que tornaram
a água doce.
Cheiro de
castanhas assadas na rua.
Maçarocas
de milho.
Mexilhões
cozidos só com limão.
Carrinhos
de fruta fresca.
E uma
bandeira magnética na praça de Taksim.
18 set 12
A lua
recortada como na bandeira.
- Sabes
por que é que a bandeira é assim?
- Hmmm...
- Porque
se diz que numa batalha[1] qualquer houve tanto
sangue que se via o reflexo da lua.
- E a
estrela? Seria Vénus que estava por perto?
- Seria
Vénus que estava por perto.
Um gato
no colo depois de cruzar tantas ruas.
Alfama,
Raval, Quartieri Spagnoli.
Chegamos
ao hotel.
A seguir
chegou a multidão, depois do jogo do Galatasaray.
Estavam
todos cá dentro.
23 set 12
Istambul
é densa como o gelado; servido com uma lâmina compridas, as fatias desfeitas
sobre um cone, como as velhas casa de madeira.[2]
Pegajoso,
como o ar que passeia pela cidade e traz cheirinho do peixe do Bósforo grelhado
e metido no pão, maçarocas de milho e castanhas assadas.
As
mesquitas parecem indiferentes; suspensas, concentram-se na etereidade.
Mais
acima ficam os terraços, que nos roubam do corre-corre e põem a cidade em
standby.
Entre os
minaretes as bandeiras gigantes.
Majestosas,
magnéticas.
Esvoaçam
em slowmotion.
E lá ao
fundo a lua recortada como no tecido.
23 set 12
Os gatos
de Istambul não têm fome.
Passeiam-se
felpudos e dengosos, ansiosos por mimo.
As
mulheres alternam o Niqab completo preto, com o Hidjab na cabeça ou
simplesmente nada...
Muitas
vezes bem maquilhadas, com óculos, sapatos, carteiras de marca e telemóveis de
última geração.
Os homens
olham-me surpreendidos quando vou contra eles sem querer.
Evitam
sentar-se ao meu lado no metro.
Se sim,
sentam-se em metade do banco, para não me tocar.
Habituei-me
a ter o olhar alto e perdido; ou baixo e vago, para não os olhar nos olhos.
E também
evitar os negociantes.
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