5.18.2013

t & w | 1370 km de sul | jo



TENDER WONDERLAND





Aeroporto de Lisboa 1 Mai 13

O mar de nuvens como claras em castelo.
O descanso fresco em Roma e pizza e gelado à noite.

O regresso à Costiera Amalfitana, os sacos de lixo pendurados à porta, as plantações de limões encavalitadas em socalcos; o olho do auditório de Niemeyer pendurado em Ravello, le scialatielli con le vongole enquanto a encosta anoitecia no terraço, e a vista repetia-se no quarto.
De tal forma que ninguém fechou as cortinas.

De manhã a chuva a ensopar as malas, as ruinhas e escadinhas floridas, as sandes de mozzarella de búfala de Battipaglia, os templos gregos e rosados de Paestum.

A piazzetta de Castellabate e o nosso terracinho para o mar;
somos bem-vindos ao Sul!
Aperitivo à beira-mar em Santa Maria di Castellabate e o calorzinho a chegar.
Acordar com o Verão no terraço e prosseguir para Sul.
O semáforo infinito de Pisciotta e a estrada enrugada e estriada pelo abatimento de terras.
Capri e Ischia diluem-se no horizonte.
3 banhos na água ainda fresca do Mediterrâneo.
Acquafredda, Maratea e o porto.

Viramos para Este. As montanhas deslizam e já se chamam colinas.
Verdes verdes verdes com flores carmim.
Estradinhas enrodilhadas até que Matera começa a aparecer nas placas.

Quem chega à Jerusálem da Basilicata fica no trânsito da hora do almoço, ao sol, enquanto um bando de miúdos e adolescentes saem e invadem os passeios.
Passa-se a universidade e o centro atual da cidade.
Estacionamos.
Abeiramo-nos a um ponto panorâmico e é difícil acreditar.

As casas calcárias suspensas na encosta infestam tudo, como num cenário perfeito.
E lá atrás, depois da depressão da terra, ergue-se nova colina, com rochedos intactos, algumas igrejas rupestres escavadas na pedra.

Pausa numa praça que parece tirada de Siracusa, prato típico e fresco com pão materano, tomate, cebola, rúcula, mozzarella e um azeite maravilhoso.
E um vento começa a soprar e a pedir-nos para ir.
Descemos as escadinhas e entramos na Judeia.
É mais uma das cidades invisíveis.
Muito mais clara e mediterrânica do que as imagens sombrias nos propunham.
À direita ficam as casa troglodíticas, escavadas na terra, um tempo habitadas por 15000 pessoas e abandonadas em ’52, quando criaram uma outra Matera.
A Matera medieval continua para cima, até à catedral, com uma torre que eu vejo árabe.
As escadarias dos Cristos de Pasolini e Mel Gibson.

Continuamos para Este.
Depois da cidade que morre fomos ter à cidade que fica de pé quando o mundo acabar.
Cisternino.
Ruas brancas, cheiro de roupa lavada, labirínticas mas igualmente curtas, que nos deixavam encontrar-nos outra vez.
Passar e deixar a bagagem nos trulli e um toca e foge ao Adriático, apesar de deste lado não haver pôr-do-sol.
E à noite, Ostuni, a cidade branca.
La taverna della gelosia e receitas medievais para celebrar 8 e ½.
Girar a agulha para Norte, parar em Podigliano a Mare, cidadezinha encavalitada nos rochedos, outra vez branca, a água bem turquesa.
A sandes de polvo grelhado.
- Têm que a comer já, hein? E com o mar em frente.
Seguimos pelas ruinhas brancas até encontrar um banco à beira-mar.

- Ainda dá para ir a Castel del Monte?
Ainda deu.
Para ver o shakra da terra que me deixou curiosa há uns anos numa etiqueta de um vinho, e que de vez em quando aparecia nas moedas de um cêntimo.
Uma construção perfeitamente octogonal com 8 torres octogonais no alto de uma colina que porém não é estratégica, e que faz pensar que este não era bem um castelo.

A estrada virou para Oeste e seguiu para Norte.
Como no regresso de Córfu, Caianello ou auto-estrada?
Caianello.
Saída para Benevento com as mãos a pingar daquela laranja maravilhosa pugliese do pequeno-almoço ao sol.
Entretanto íamos lendo a história de Federico II do Castel del Monte, da Sicília, de Jerusálem e do Sacro Império Romano Germânico.
Chegar e encontrar Roma demasiado maquilhada; pó talco no ar que não deixa respirar.
Cansaço e o mood de partida a infiltrar-se no estômago.

Acordar, parabéns, estômago inquieto, presente para morder a vida, trânsito para o mar, celebrar com churrasco e amigos, trânsito para o aeroporto.
Decorar os olhos tão azuis e trazê-los comigo.
A pele queimada do sol e os beijos de café.

Parar em Lisboa, as pontes iluminadas pela data especial.
Recarregar energias numa chaise-longue e o i-pod num dos carregadores à disposição.

Quase casa.                                                                                                                                            JO

Sem comentários:

Enviar um comentário